Desenvolvimento de Vacinas

By Alan Damasceno

A vacina é uma substância biológica, contendo um agente patológico morto ou vivo, utilizada com o intuito de fortalecer o sistema imunológico de um ser vivo a fim de que ele adquira proteção contra determinada doença. Nos dias atuais, ela é indispensável para a vida globalizada, pois previne que doenças das mais diversas se espalhem e afetem negativamente a vida de todos.

Processos como esse tem sido descritos desde o tempo de antes de Cristo. Por volta do século 17, os chineses usavam uma técnica de inoculação do vírus da varíola que consistia em fazer uma pessoa sã inalar uma preparação da doença, a qual gerava uma infecção mais suave que era seguida de imunidade da pessoa.

A primeira vacina criada

As técnicas chinesas chegaram ao conhecimento dos ingleses no século seguinte. Nessa época também, descobriu-se que os animais bovinos desenvolviam uma versão mais leve da varíola. Partindo desses conhecimentos, o médico inglês Edward Jenner resolveu fazer experimentos com o vírus dos animais em humanos a fim de verificar o que acontecia.

Para isso, ele extraiu o líquido do pus de uma das feridas de uma mulher infectada com varíola e inoculou-a a um menino. A doença se desenvolveu, porém de forma leve e a criança rapidamente se recuperou. Após isso, ele novamente extraiu o líquido e injetou no menino. Porém, dessa segunda vez, a criança não apresentou quaisquer sintomas da doença. Dessa maneira, a primeira vacina estava criada.

Ingredientes de uma vacina

As composições de uma vacina podem variar muito de acordo com a atuação e o tipo que foi feita. Porém, em termos gerais as vacinas contém:

  • Antígeno: Conhecido como IFA (ingrediente farmacêutico ativo), é o responsável por induzir a resposta imunológica do corpo contra o patógeno e o principal componente da vacina. Pode ser um organismo vivo ou morto ou uma parte dele;
  • Conservantes: Componentes que impedem que a vacina seja infectada depois de aberto o frasco. O principal utilizado é o 2-fenoxietanol;
  • Estabilizadores: Usados para impedir a ocorrência de reações químicas na vacina e a aderência das moléculas à parede do frasco;
  • Surfactantes: Mantém todos os ingredientes misturados, impedindo a precipitação;
  • Diluentes: Líquido usado para se diluir os componentes da vacina até as proporções certas. O mais comum é a água esterilizada;
  • Adjuvantes: Utilizado para estimular as células de defesa do corpo no local da injeção;

Etapas de produção de uma vacina

Para que uma vacina seja produzida e comercializada, ela tem de passar por rigorosos testes e apresentar condições seguras para serem inoculadas nas pessoas. Para isso, a produção de uma vacina passa pelas seguintes etapas:

  1. Descoberta e fase pré-clínica: Nessa fase, é estudado qual o melhor antígeno a ser usado para a produção da vacina e onde um protótipo da vacina será testado em animais para averiguar sua segurança e resposta imunológica;
  2. Aprovação regulatória: Após o teste em animais e comprovação da eficácia e segurança, a vacina precisa ser aprovada pelo órgãos de saúde para iniciar os testes em humanos;
  3. Fase clínica: Nessa etapa, a vacina passará a ser testada em humanos e ela acontece em três etapas:
  4. Fase I: A vacina é injetada em um pequeno grupo de pessoas para averiguar a resposta imunológica e a segurança;
  5. Fase II: Nessa etapa, a vacina é injetada em centenas de pessoas para continuar avaliando a resposta imune e a segurança. Também é a fase onde começa os estudos de diferentes grupos etários e formulações de vacinas;
  6. Fase III: Na última fase, milhares de pessoas são vacinadas e são comparados os resultados com outro grupo de pessoas não vacinadas, para avaliar se a vacina está realmente trazendo proteção contra a doença;
  7. Aprovação para registro: Concluída a fase clínica, as vacinas passam pela aprovação junto aos órgãos competentes para a produção em larga escala e uso geral na população;
  8. Acesso comercial: Após aprovada, a vacina passa a ser produzida e comercializada para a sociedade. Nessa etapa, principalmente, a atuação de um Engenheiro Químico é muito requisitada, pois o processo industrial de produção da vacina precisa ser bem controlado.

Tipos de vacinas

Forma do antígenoDescriçãoExemplos
  AtenuadaSão usados antígenos vivos muito enfraquecidos, o qual geram a resposta imune do corpo;Febre amarela, poliomielite oral (VOP) e varicela
  InativadaUtiliza-se um antígeno morto ou uma parte dele para gerar a resposta;Poliomielite injetável (VIP), hepatite A, gripe e covid-19 (CoronaVac)
  RNA mensageiroÉ usado uma fita do RNA do vírus, o qual estimula as células de defesa do corpo a produzirem uma resposta contra a doença;Caxumba, sarampo, rubéola e covid-19 (Pfizer e Moderna)
  Vetor viralUtilizam um vírus geneticamente modificados para produzir as proteínas do vírus que gerará a resposta imunológicaCovid-19 (AstraZeneca), hepatite B

Novas vacinas em desenvolvimento

Atualmente, há intensas pesquisas para a produção de outras vacinas para doenças que ainda não tem. Os casos mais famosos são o uso da tecnologia do RNA mensageiro para o desenvolvimento de vacinas contra a dengue, Zikavirus, HIV, Citomegalovírus (herpes) e até câncer.

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