Captação de água da chuva: seus usos e vantagens.

By João K. Muller

Embora o Brasil tenha vastos recursos hídricos, em alguns períodos do ano, a escassez de água atinge regiões de todo o país. Além disso, economizar com despesas, mesmo que fixas, é sempre uma boa alternativa. Por esses motivos, cada vez mais pessoas estão aderindo a iniciativas e projetos de captação de água, uma ideia antiga na mente dos brasileiros que tem se tornado muito popular de alguns anos para cá.

Quais os benefícios da captação de água?

É de interesse de muitas famílias e donos de negócio buscar um pouco mais de economia para fechar as contas no fim do mês. Sistemas de captação de água da chuva facilitam muito nessa parte das finanças, já que, com um simples projeto, a chuva pode ser direcionada para irrigar plantas, ser usada para dar descarga em vasos sanitários, lavar carros e calçadas, e muitas outras atividades que não precisam de água potável para realizar. Assim, a conta de água no fim do mês é bem reduzida, porque atividades que antes precisavam dos recursos hídricos públicos para serem feitas, agora se aproveitam de uma captação natural e autônoma, que independe da rede de encanamento do município.

Além disso, não se pode esquecer do benefício de certa autossuficiência hídrica. Com a instalação de um tanque de armazenamento, uma cisterna, por exemplo, todo o recurso hídrico que vem da chuva pode ser guardado e usado quando se tem uma deficiência no abastecimento comum. Essa alternativa é adotada em regiões mais secas do Brasil e do mundo e sempre deu bons resultados.

Porém, esse tipo de projeto não tem apenas uma importância social e econômica, tem-se que entender as vantagens ecológicas e sustentáveis da captação. Com o destino útil dessa chuva, pode-se reduzir a demanda de recursos hídricos naturais, que antes eram destinados para diversas atividades. A canalização pluvial também colabora no controle de enchentes, de maneira pequena, porém importante, visto que a chuva não vai diretamente para as ruas e bueiros. Basta pensar que, se a cisterna estiver vazia, ela garante quase mil litros de volume que pode ser evitado de correr pelas ruas. Nessa mesma linha, pode-se dizer que a canalização de água colabora com a redução da erosão do solo.

Agora que foi possível entender os benefícios, é preciso falar sobre o funcionamento dessa captação.


O processo de captação compreende etapas simples. Inicialmente, os telhados captam a chuva, exigindo um sistema de calhas feitas de materiais como metal, PVC ou fibra de vidro, posicionadas no contorno dos telhados. Posteriormente, as calhas conduzem a água até um filtro que retém resíduos sólidos, como pedrinhas, galhos e folhas. Após a filtração, a água alcança uma cisterna ou outro tanque de armazenamento.

Com a água livre de sólidos, armazena-se até o momento desejado para o bombeamento. Nesse processo, bombeia-se a água do reservatório intermediário até uma caixa d’água, integrando-se ao sistema de encanamento local para abastecer diversas atividades.

Embora essas etapas sejam eficazes para diversas atividades, a água resultante não é adequada para consumo direto. Para torná-la própria para consumo, realiza-se a desinfecção, um passo crucial. Adiciona-se uma substância, geralmente o cloro, para eliminar bactérias e microrganismos presentes no líquido. Em seguida, a água desinfetada precisa ser armazenada em local apropriado, com vedação adequada e condições de limpeza satisfatórias.

A qualidade da água potável é determinada por diversas leis e regulamentos. Para atender às demandas governamentais, é necessário colher amostras regulares do tanque para verificar a presença de organismos nocivos, resíduos químicos da desinfecção, sujeira, entre outros. É essencial estar ciente das regulamentações locais sobre potabilidade.

Quanto ao custo de um projeto de captação, ele depende de variáveis como o tamanho do telhado, a dimensão desejada da cisterna, sua posição (superfície ou subsolo) e a necessidade de manutenção do sistema. Apesar da complexidade das variáveis, uma solução facilitadora é o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), que, desde 2000, tem auxiliado comunidades no semiárido brasileiro a superar a escassez de água.

Em relação aos benefícios, o projeto de captação de água pluvial apresenta vantagens significativas. Os custos, envolvendo instalação, manutenção, elaboração do projeto e energia elétrica, são geralmente baixos em comparação com os benefícios econômicos, ecológicos e humanitários. Isso promove a sustentabilidade em diversas comunidades, criando uma autossuficiência hídrica que muitos lares necessitam. O investimento inicial se converte em economia na conta de água em poucos anos, tornando-se uma opção viável para promover a autonomia hídrica e a preservação ambiental.

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